O mercado de cidades inteligentes está em plena expansão e oferece grandes oportunidades para quem quer ganhar dinheiro e impactar a vida das pessoas. Para que você entenda a dimensão desse mercado, vou trazer alguns números e informações hoje e dividi o tema em tópicos:
- Quatro pilares das cidades inteligente
- Quando se envolve os quatro agentes da inovação?
- Tamanho do mercado considerando cada agente da inovação
- Quanto será investido neste mercado
QUATRO PILARES DAS CIDADES INTELIGENTES
Pra gente falar sobre o tamanho do mercado de cidades inteligentes, precisamos antes entender quais são os seus quatro pilares, porque cada um vai abrir oportunidades de negócio.
O primeiro que vamos falar é o da cidade humana.
Uma cidade humana tem o foco na melhoria da qualidade de vida da população.
O seu objetivo é a resolução definitiva dos problemas públicos, aqueles que impactam várias pessoas ao mesmo tempo. Esses problemas incluem a qualidade da saúde, educação, transporte, mobilidade, segurança, inclusão social e segurança da informação.
O segundo é o pilar da cidade eficiente.
A cidade inteligente vai trazer oportunidade de negócios para aquelas empresas e instituições que trabalham com eficiência.
Mas o que é eficiência? É melhorar a qualidade dos serviços e produtos, entregando-os de uma forma mais rápida e pelo menor custo.
Como a gente consegue reduzir o tempo de espera na fila do SUS? Como reduzimos o tempo de espera pelo ônibus? Como oferecemos um serviço de qualidade para o cidadão brasileiro não ficar esperando dois anos para ter uma resposta do seu processo que está na justiça?
Como resolver esse problema público de uma forma a reduzir o tempo e o custo?
A gente tem vários problemas públicos que acontecem porque devido à escassez de recursos financeiros e demora na solução. Mas como podemos solucionar esses problemas com qualidade, em metade do tempo e usando menos recursos financeiros?
A resposta para essa pergunta é o tipo de produto e solução que as cidades inteligentes buscam aplicar. E para essas soluções eficientes, a gente pode contar com o usa de tecnologias. Mas como exatamente a tecnologia pode nos ajudar a acelerar esses processos?
Por exemplo, no Brasil, enfrentamos um problema importante: não conhecemos nosso próprio território. O último processo de cadastro foi realizado na década de 50/60, o que significa que há pelo menos 50 anos estamos trabalhando com informações desatualizadas. Antigamente, a tecnologia era limitada e as pessoas precisavam ir a campo para fazer o mapeamento, o que era caro e demorado. Hoje, com o avanço tecnológico, é possível fazer isso de forma mais rápida e barata usando drones e outras soluções inovadoras.
Essa é a abordagem que adotamos nas cidades eficientes: pensamos em como podemos oferecer produtos e serviços melhores usando tecnologia e inovação. Buscamos soluções criativas para melhorar a qualidade dos serviços e produtos que são oferecidos.
O terceiro pilar é o da sustentabilidade.
Esse pilar envolve o equilíbrio entre o social, o econômico e o ambiental.
Na questão social, buscamos melhorar a qualidade de vida das pessoas. No âmbito econômico, buscamos gerar emprego e renda para que a economia se desenvolva através disso. Já na questão ambiental, pensar em como fazer isso de forma sustentável, pensando no curto, médio e longo prazo.
O objetivo não é apenas gerar lucro, mas também garantir que as pessoas tenham uma vida melhor e que os recursos sejam preservados. Assim, é possível criar um modelo sustentável de desenvolvimento econômico que beneficie a todos.
E o quarto pilar é o da inteligência.
O quarto pilar das cidades inteligentes é a inteligência em si.
É priorizar educação e a formação de lideranças, com o objetivo de preparar as pessoas para a construção de cidades melhores.
É essencial investir na educação e formação de professores, líderes e cidadãos capazes de contribuir para a construção de cidades mais sustentáveis. Isso envolve um processo de formação desde a educação infantil até a universitária.
É fundamental formar líderes em cada um dos quatro agentes da inovação, para que eles possam promover uma cultura onde as pessoas não apenas terceirizam a responsabilidade dos problemas, mas buscam formas de solucioná-los.
OS QUATRO AGENTES DA INOVAÇÃO:
- Governo (união, estados, municípios e Distrito Federal, nos três poderes: executivo, legislativo e judiciário)
- Para que vocês possam entender: quando eu falo governo eu não estou falando prefeito ou presidente ou governador. Estou falando prefeitos, governadores, presidente, vereadores, deputados estaduais e federais, além do judiciário, ministério público, tribunal de justiça, tribunal, tribunal eleitoral e toda mundo relacionado com o poder judiciário.
- Empresas (pequenas, médias e grandes, o microempreendedor, o profissional autônomo e o profissional CLT)
- Escolas (públicas e privadas, educação infantil, jovens e adultos até a educação universitária)
- A escola tem o objetivo de formar as pessoas. É através da educação que vamos formar o cidadão, o gestor, o empresário e o profissional que presta serviços na cidade quer se tornar uma cidade inteligente.
- Terceiro setor (sociedade civil, organizações sem fins lucrativos, conselhos municipais, conselhos federais, estaduais, conselhos profissionais, associações, sindicatos e o cidadão, porque a cidade inteligente vai impactar a vida de cada um).
QUAL O TAMANHO DO MERCADO PARA CADA AGENTE DA INOVAÇÃO?
O mercado em cidades inteligentes não é só para o agente governo, é para os quatro agentes da inovação e isso quer dizer:
- Para o agente governo, são 5.570 municípios brasileiros.
- Para as empresas, são 19.7 milhões de empresas ativas (Data Sebrae, dados de 2018).
- Para o terceiro setor, são 820 mil entidades (dado do IPEA, de 2018).
- Para as escolas, temos a educação básica (da educação infantil até o segundo grau) e ensino superior, são:
- 179.533 mil escolas a nível básico, entre públicas e privadas.
- 2.377 instituições de ensino superior, entre universidades públicas e privadas no Brasil.
- Aproximadamente 212 milhões de habitantes.
Esse é o tamanho do mercado de cidades inteligentes.
Uma cidade inteligente é o resultado da ação integrada dos quatro agentes da inovação, que precisam adequar seus modelos de negócio, produtos, serviços e comportamentos para construir cidades mais humanas, eficientes e sustentáveis.
Apesar de ser um mercado gigantesco, no Brasil são poucas as pessoas preparadas para atuar nesse setor, pois muitas ainda desconhecem o que são cidades inteligentes e não sabem como alinhar seus negócios e ensino para se preparar para esse mercado.
As pessoas precisam entender que o mercado mudou e que é preciso fazer as coisas de maneira diferente. E quanto mais rápido você entender o que precisa fazer, mais rápido você consegue surfar nessa onda. Esse é o ponto chave dessa aula.
A cidade humana deve gerar políticas públicas tanto para o urbano quanto para o rural, buscando sempre melhorar a qualidade dos serviços oferecidos à população e solucionando os problemas de forma definitiva. Mas em que cidade do Brasil não há problemas de trânsito, saúde, educação, regularização fundiária ou segurança da informação?
Embora ainda não exista uma cidade 100% inteligente no Brasil, muitas cidades estão começando a caminhar nessa direção. No entanto, é importante lembrar que essa jornada não é rápida, e que envolve um grande número de pessoas e instituições. São 5.570 municípios, 19 milhões de empresas, 820 mil entidades, 182 mil escolas e 212 milhões de pessoas que precisam entender o que são cidades inteligentes e qual é o papel de cada um nesse processo.
Somente quando esse público tiver essa compreensão é que vamos começar a ter cidades inteligentes no Brasil.
QUANTO SERÁ INVESTIDO NESTE MERCADO?
Os investimentos em cidades inteligentes são cada vez mais expressivos.
O Reino Unido, por exemplo, anunciou que vai investir cerca de 110 milhões de libras no Brasil até 2023, o que equivale a 795 milhões de reais, para expandir o potencial de comércio global, catalisar a inovação e aumentar as oportunidades de negócios internacionais no país.
De acordo com a IDC, os gastos globais em cidades inteligentes vão atingir 189.5 bilhões de dólares até 2023, e a Frost & Sullivan prevê um mercado de 2.4 trilhões de dólares até 2025.
Alguns podem pensar que a construção de cidades inteligentes é uma questão exclusiva dos países desenvolvidos, como a Europa e os Estados Unidos, e que isso não vai acontecer aqui no Brasil. No entanto, desde 2019, o governo brasileiro está investindo no Programa Nacional de Estratégias para Cidades Inteligentes e Sustentáveis no Brasil, que envolve o Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação e o Ministério do Desenvolvimento Regional.
Esse programa conta com investimentos do governo federal na linha de cidades inteligentes, e não é exclusivo para cidades grandes – cidades pequenas, com menos de vinte mil habitantes, também podem participar, desde que atendam aos pré-requisitos necessários para utilizar os recursos disponíveis.
Um dos grandes desafios que temos é mudar a mentalidade das pessoas. A gente precisa parar de acreditar que quem faz política pública é só o governo. Não é. As escolas, as entidades do terceiro setor, as empresas e o governo fazem política pública.
Cada um de uma forma diferente, mas os quatro agentes da inovação fazem e podem, dentro da sua própria área de atuação, adequar o seu modelo de atuação para cidades inteligentes. Se cada um resolver fazer a sua parte, a gente consegue fazer isso muito rápido.
Isso depende de todos nós, porque a cidade inteligente é resultado das pessoas que nela vivem, lembra?
Se você não consegue mudar o outro, comece a mudar o seu comportamento. Comece a mudar você: sua postura, seus negócios, a sua empresa. O foco é primeiro em você, depois nos outros. Esse é o lema.
CIDADES INTELIGENTES: UM MERCADO SEM FIM
O mercado é gigantesco, você já entendeu isso.
Mas quero te convidar a fazer uma pequena reflexão: você acha que sozinho vai dar conta de resolver os problemas dos quatro agentes da inovação?
Não vai. Você ia precisar de pelo menos cinquenta vidas para conseguir.
E não é apenas que ele seja um mercado imenso, ele é um mercado que se renova a cada quatro anos. E todo ano surgem novas empresas, novas escolas, nascem novas pessoas. É um mercado sem fim. E se não tem fim, a concorrência não existe. Vou dizer mais uma vez:
Não existe concorrência nesse mercado.
O que existe é parceria, onde cada um pode potencializar o negócio do outro.
Precisamos deixar de lado a postura de querer guardar informações apenas para nós mesmos e começar a trabalhar juntos para acelerar a construção de cidades inteligentes no Brasil. Precisamos de mais pessoas atuando nesse mercado – quanto mais pessoas envolvidas, mais poderemos ensinar e compartilhar conhecimentos para adequar produtos e serviços. E isso não beneficia apenas os nossos negócios, mas também melhora nossa qualidade de vida. Então não guarde essa informação só para você.
ASSUMINDO A POSIÇÃO DE AGENTE DA INOVAÇÃO NAS CIDADES INTELIGENTES
A gente não precisa esperar o governo fazer alguma coisa pra começarmos a ter qualidade de vida. Precisamos assumir nossa posição de agente da inovação e fazer a parte que nos cabe. Vai ser fácil? Não. É rápido? Não. Mas vale a pena? Me responde você.
Pra mim, vale a pena demais. Pra mim, esse é o maior mercado dos próximos mil anos. É um mercado que só vai ser sanado daqui a mil anos. Literalmente mil anos. Então meu querido, minha querida, você vai começar a trabalhar hoje, você vai morrer e ainda vai ter coisa pra ser feita!
Se a gente quer colher o mais rápido possível os frutos das cidades inteligentes, se queremos ter qualidade de vida, uma saúde que funciona, ter educação de qualidade pra todos, não ter mais medo de andar na rua de noite, precisa assumir sua posição e começar a fazer as coisas. Se a gente ficar só reclamando do governo, nada vai acontecer.
Mas se cada um fizer a sua parte e focar no que tem controle (sua casa, família, o seu emprego ou sua empresa), podemos acelerar o processo e colher os frutos muito mais rápido!
Eu falei do tamanho do mercado em cidades inteligentes apenas no Brasil, mas, ao pensar no tamanho do mercado de cidades inteligentes, devemos lembrar que esse mercado não é só Brasil, ele é global. Se aqui o mercado já é grande, fora do Brasil ele é exponencial.
CIDADES INTELIGENTES: O CAMINHO PARA RECUPERAR O QUE PERDEMOS
Alguns países já estão na nossa frente, mas a gente não pode ficar parado, porque se ficarmos, eles vão pegar todo o recurso pra eles e perderemos a oportunidade de melhorar a qualidade de vida das pessoas.
Eu estava ouvindo aquela música do Legião Urbana, Índios, e tem um momento na música que diz assim:
“Quem me dera ao menos uma vez
Ter de volta todo o ouro que entreguei a quem
Conseguiu me convencer que era prova de amizade
Se alguém levasse embora até o que eu não tinha”
A oportunidade de pegar de volta o ouro que nós entregamos chama-se cidades inteligentes.