5 tendências do mercado de cidades inteligentes no Brasil

Hoje vamos falar sobre as cinco tendências do mercado de cidades inteligentes. Trabalho nessa área há mais de quinze anos e já ouvi diversas desculpas para acreditar que isso não é possível no Brasil. Algumas delas incluem: “Isso não funciona na minha cidade”, “O prefeito da minha cidade não apoia”, “A Câmara de Vereadores é um obstáculo”, “Os servidores públicos não estão interessados”, entre outras. São todas desculpas que muitas pessoas usam para duvidar da viabilidade das cidades inteligentes no Brasil. No entanto, posso te dizer que já enfrentei e superei todas essas objeções.

Hoje, vou te explicar como podemos acelerar o desenvolvimento das cidades inteligentes no Brasil e como você pode fazer parte de um projeto revolucionário. Nosso objetivo é promover a transformação de mais de 50% das cidades brasileiras em cidades inteligentes até 2030. E adivinha só? Você, que está lendo este texto, pode nos ajudar nesse processo. Não importa se você é aposentado, se não entende nada de política pública ou se acha que isso é algo distante da realidade brasileira. Saiba que já estamos avançando nesse caminho e você pode contribuir, desde que queira e faça sentido para você.

Então quero te dizer: é hora de mudar essa mentalidade e abrir os olhos para as oportunidades que as cidades inteligentes oferecem. Não importa onde você esteja no Brasil, é possível impulsionar o desenvolvimento e a transformação da sua cidade.

Mas antes de explorarmos as cinco tendências, quero compartilhar uma experiência incrível que tive recentemente na ABRACAM.

Fui convidada para ser palestrante em um evento com mais de 250 vereadores, a maioria deles em seu primeiro mandato. Foi emocionante poder falar diretamente com esses vereadores, que estão cheios de energia e vontade de fazer a diferença. Muitos deles ainda estão aprendendo como as coisas funcionam, mas possuem um poder de atuação imediato. Afinal, os projetos estão ali, prontos para serem votados na Câmara de Vereadores, e eles têm o poder de tomar medidas concretas.

Durante minha palestra, destaquei a importância das cidades inteligentes e como os vereadores podem desempenhar um papel fundamental nesse processo de transformação. Expliquei a eles que, como representantes da comunidade, têm o poder de impulsionar projetos e iniciativas que promovam a modernização e a melhoria das cidades.

Um dos pontos que abordei foi a importância de verificar o plano diretor da cidade, descobrir se ele está vencido ou se irá vencer nos próximos quatro anos, além de analisar se há previsão de revisão no Plano Plurianual (PPA) para os próximos quatro anos. Também mencionei a relevância de verificar se o plano de mobilidade possui previsão de revisão, visto que o prazo limite é abril, assim como o plano de saneamento, que deve ser revisado de acordo com o novo marco legal até 31 de dezembro.

Perceba que quando eu faço meu trabalho bem feito, crio demanda de serviços a serem realizados nas 26 áreas. 

Me diz, estou criando demandas para quem? Para você, que é um profissional da área.

Só que estou criando uma demanda qualificada, não um copia e cola do plano. Quem assiste a minha palestra não vai aceitar qualquer plano. Os vereadores, gestores e servidores que são os meus alunos estão sendo capacitados a olhar e ter uma análise crítica sobre o instrumento que eles estão recebendo.

Não sei de qual área você é e através de qual instrumento de planejamento você presta serviço, mas uma coisa eu posso dizer: com o trabalho que estou executando, estou criando demanda para você.

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Agora, se você não souber fazer esses planos alinhados com os princípios da cidade inteligente, você terá dificuldades e passará por situações complicadas para atender essa demanda que estou criando. Estou subindo a régua da qualidade e da qualificação desses produtos e serviços. Prestem atenção nisso e se preparem para atender essa demanda que estamos criando.

Este ano, estou conduzindo um projeto de qualificação que tem como objetivo disseminar o conceito de cidades inteligentes. Através das palestras realizadas pelo Instituto Smart Citizen, conseguimos alcançar mais de 120 municípios, explicando o que são cidades inteligentes, seus quatro pilares e como construir uma cidade humana, eficiente, sustentável e inteligente. Explicamos o que eles devem fazer e como alinhar planos, projetos, recursos, PPA, LOA, LDO e plano diretor.

Durante as palestras, incentivamos os participantes a se envolverem ativamente no processo. Eles receberam tarefas para realizar em casa, como ler o plano diretor da cidade, verificar se há um plano diretor no Plano Plurianual (PPA), identificar a existência de um plano de mobilidade e conhecer os prazos que a cidade precisa cumprir no próximo ano. Se eles aplicarem o que pedimos, teremos um grande impacto no mercado de cidades inteligentes no próximo ano.

Mas lembre que essas pessoas não estão apenas solicitando o plano diretor; elas estão pedindo um plano diretor para a cidade inteligente, baseado nos quatro pilares da cidade humana, eficiente, sustentável e inteligente, de acordo com os artigos constitucionais 6, 37, 182, 205 e 225. Esse é o projeto de cidade inteligente que eu estou semeando o Brasil afora.

E é preciso de pessoas para atender essa demanda. O mercado de cidades inteligentes está em pleno crescimento e isso trará oportunidades de emprego para profissionais qualificados. No próximo ano, cinco mercados em específico terão um grande desenvolvimento e demandarão profissionais capacitados.

Um CEO de um dos ramos que vou apresentar me pediu para indicar pessoas da minha área, que entendam de cidades inteligentes, porque precisará contratar várias pessoas e não terá tempo para qualificar a equipe.

O mercado está sedento por cidades inteligentes, tanto pra você atuar individualmente, como sendo empresário em um desses cinco mercados que vou falar aqui. Você não precisa saber tudo sobre cada mercado, mas é importante ter uma visão geral para escolher se deseja se especializar em um deles ou compreender todos para gerenciar o processo.

Primeiro mercado: agenda 2030

A implementação da Agenda 2030 nos municípios brasileiros é um mercado promissor na área de cidades inteligentes. A Agenda 2030 é um compromisso internacional firmado por 193 países, incluindo o Brasil, e envolve a implementação de políticas públicas para alcançar 17 objetivos de desenvolvimento sustentável ao longo dos próximos 15 anos.

Esses objetivos abrangem diversos setores, como eficiência energética, saneamento básico, consumo responsável, preservação do meio ambiente, desenvolvimento econômico, erradicação da pobreza e inovação. Embora as capitais brasileiras já estejam implementando essa agenda, os municípios com menos de cem mil habitantes, que representam a maioria no país, ainda não começaram o processo.

O acordo internacional “Agenda 2030” é um assunto urgente com um vasto campo a ser estudado, mas que carece de profissionais qualificados.

São mais de 5 mil municípios que ainda precisam implementar as 169 metas, sendo que cada meta tem em média de 4 a 5 indicadores. Isso cria uma demanda para todo tipo de mercado, como empresas de coleta de dados, de pesquisa, de geoprocessamento, imagem de satélite, entre muitos outros. O mercado precisa estar preparado para oferecer esse tipo de serviço. É literalmente um mapa de oportunidades e demandas que se abre. As empresas e os profissionais que estudarem e focarem suas expertises para esse assunto terão muito campo para trabalhar por muitos anos.

Comece por entender as tendências e ver como pode adaptar sua atuação para aproveitar as oportunidades oferecidas pela Agenda 2030.

Se você atua ou tem experiência na área de análise, coleta de dados, indicadores, estatística, visão de banco de dados e sistemas, a agenda de 2030 é um prato cheio para você.

Agora, se você não desenvolve o sistema, mas trabalha com análise de dados, cálculo de indicadores e elaboração de políticas públicas a partir de bancos de dados, a agenda de 2030 também te oferece uma excelente oportunidade, porque ela tem um grande foco nas pessoas e na criação de políticas públicas que visam melhorar a vida da população nas cidades.

Ao compreender como o território está distribuído e analisar os indicadores que revelam o que está acontecendo ou não, onde as coisas estão funcionando ou não, é possível criar políticas públicas específicas para fazer as coisas acontecerem.

A agenda 2030 não é um tema restrito a uma área de atuação – ela precisa da participação de todos. Analistas de software, programadores, engenheiros, arquitetos, ambientalistas, geógrafos, advogados, economistas, profissionais de relações internacionais, administradores, contadores, assistentes sociais, médicos, produtores culturais, psicólogos, educadores, filósofos, especialistas em recursos hídricos, engenheiros civis, profissionais de turismo, secretários, especialistas em energia solar – todos são bem-vindos!

Veja o quadro da ODS Brasil e perceba como o mercado é diversificado e oferece inúmeras possibilidades para todos os interessados em contribuir para um futuro mais sustentável:

Seja qual for a área de atuação, há espaço para contribuir para o desenvolvimento sustentável das cidades e melhorar a qualidade de vida da população. Talvez você não esteja em todos os dezessete objetivos, mas há uma grande chance de que esteja em pelo menos um deles.

Você trabalha com relações internacionais? As parcerias são importantes. Os municípios precisam estabelecer parcerias nacionais e internacionais. Você pode ser a pessoa que abre caminho para o mercado internacional para esses municípios. Como engenheiro agrônomo, onde você se encaixa? Agricultura sustentável, consumo e produção responsável. Se você é da área da saúde, está relacionado à ODS de Saúde e bem-estar. Se é da área de educação, há uma ODS específica para você. Se é economista, trabalha com projetos de crescimento econômico, desenvolvimento, trabalho, geração de emprego e renda, ODS 8. Inovação, infraestrutura e empresas estão relacionados à ODS 9. Meio ambiente possui 3 ODS, você pode escolher: mudança climática, vida na água e vida terrestre?

Não tem como. Seu projeto com certeza pode ajudar a acelerar a implementação da agenda 2030 em algum ponto. Agora você precisa ver como ele pode contribuir para isso.

Segundo mercado: eficiência energética

Hoje, a Alemanha é um dos países com a maior produção de energia solar do mundo. Não é porque há muita luz solar lá, mas sim porque eles têm investido em energia solar há alguns anos. No Brasil, estamos começando esse processo, mas temos energia solar disponível suficiente para gerar energia para 30 Brasis. Aqui, a incidência solar é tão grande devido ao país ser tropical, que temos energia suficiente para zerar a conta de luz de todo o Brasil e ainda exportar para trinta vezes a população brasileira. Nem estou falando de outros tipos de energia, como bioenergia e energia eólica, mas apenas de energia solar. Para você ter uma ideia, o pior lugar em termos de incidência solar no Brasil tem um potencial vinte vezes maior do que na Alemanha, que atualmente é referência mundial em produção de energia solar. Ou seja, esse mercado está subutilizado no nosso país de forma muito significativa.

Mas se os municípios não tiverem uma lei que fale sobre investimentos em energia além da hidráulica, não haverá mercado.

É aqui que eu entro: eu ajudo as pessoas a entenderem a importância das cidades inteligentes e crio demanda para que haja trabalho nessa área. No entanto, o grande desafio é que muitas pessoas ainda não sabem como implementar essas ideias. É necessário tomar algumas ações no executivo e no legislativo municipal para que as coisas possam acontecer.

É necessário uma articulação política para diminuir os custos. Hoje em dia, a tecnologia não é cara para investir nisso, mas os impostos no Brasil são muito elevados. A taxa cobrada nesse mercado é alta, porém temos tecnologia disponível para reduzir significativamente os custos. Enquanto outros países tiveram incentivos fiscais para crescer, no Brasil isso ainda não aconteceu. Precisamos potencializar isso a partir da ação da própria sociedade civil.

É importante prestar atenção nas próximas eleições. Verifique quem você vai votar para deputado estadual, deputado federal e presidente. Essas são as pessoas que estarão lá nos próximos quatro anos em Brasília definindo questões relacionadas à taxação de setores econômicos. Não confie apenas no que a mídia está falando. Leia o projeto de governo dessas pessoas, faça uma análise crítica, verifique quem são essas pessoas, o que elas estão falando e se já falaram sobre isso antes. Acompanhe as eleições do próximo ano com um olhar crítico, porque temos um grande desafio: a galera que será eleita no próximo ano vai definir nos próximos quatro anos quem receberá incentivo e quem não receberá incentivo no Brasil. Precisamos escolher melhor nossos líderes.

Precisamos começar a colocar pessoas qualificadas e comprometidas com o projeto de cidade inteligente e não com o fundão eleitoral. Comece a acompanhar os deputados. Eu faço um exercício: eu sigo candidatos tanto da direita quanto da esquerda e do centrão. Eu acompanho essa galera o ano inteiro, vendo o que eles estão falando, qual é o posicionamento deles e como eles se comportam para que, na hora de votar, eu não seja enganada. Sugiro que você faça o mesmo, siga todos os candidatos à presidência do Brasil e vários deputados e veja o que eles estão falando, qual é o discurso de cada um, para que, na hora de votar, você tenha uma visão mais ampla do processo.

Mas voltando para o processo de eficiência energética: você sabia que existe uma lei brasileira de eficiência energética? Além de um acordo internacional, há uma lei nacional sobre eficiência energética, pois tudo no Brasil segue o princípio da legalidade. A lei federal já existe, mas você já pesquisou se o município onde você atua segue a legislação federal para implementar a eficiência energética? Eu vejo muitas vezes consultores realizando investimentos gigantescos para se reunir com o prefeito, mas não verificam se o município segue os princípios legais para implementar essas ações.

Tem muito empresário no Brasil que marca reuniões e gasta tempo conversando com prefeitos que não podem implementar nada. E que, além disso, não ajudam os prefeitos informando o que precisam fazer para implementar o projeto, só ficam tentando vender.

No Brasil, para que as coisas funcionem, é necessário plano, projeto e recursos. Não adianta ter um projeto e tentar captar recursos para a prefeitura pagar se isso não estiver escrito na lei. A prefeitura não poderá fazer nada sem uma base legal.

Isso é muito importante. Qualquer um desses projetos que eu estou falando aqui tem que seguir o princípio da legalidade. É seu papel, enquanto uma pessoa que quer viver em uma cidade inteligente, fazer essa informação chegar às pessoas. Se você trabalha no setor de eficiência energética e está conversando com prefeitos, a primeira coisa que você deve perguntar é: “Existe uma lei que permite implementar isso no município?” antes de tentar vender o projeto. Porque, se não houver uma lei, meu querido, você está perdendo seu tempo. Não será possível implementar até que haja uma lei.

A eficiência energética é um tema em alta no Brasil. Um exemplo de projeto é o Palmas Solar, implementado na cidade de Palmas. A prefeitura utilizou uma lei municipal para implementar o projeto sem gastar praticamente nada de dinheiro público, fazendo apenas o ajuste da questão do princípio da legalidade.

Se você é meu aluno, pode encontrar uma aula inteira com Rafael Boff explicando como foi esse projeto no banco de lives, no módulo de projetos. Se não é meu aluno, vale a pena procurar informações sobre esse projeto e como eles conseguiram implementá-lo.

Precisamos migrar para matrizes mais sustentáveis, como energia solar, eólica e bioenergia. Portanto, precisamos fazer a transição da matriz energética, já que atualmente temos basicamente uma matriz que sustenta o país inteiro: a hidrelétrica. Precisamos criar essas matrizes e estamos começando. Palmas tem o maior centro de placa solar do Brasil. Como eles conseguiram fazer isso se tornar viável? Eles já descobriram o caminho. Você não precisa esperar o governo federal fazer, descubra o caminho. Na verdade, o caminho já foi feito, você tem que aplicá-lo no seu processo. Já existem vários casos no Brasil, o que você precisa ter é acesso a esses casos. Acredito que é isso. Procure informações, mas saiba que o mercado de eficiência energética é gigante no Brasil. O nosso potencial apenas de energia solar é o suficiente para atender o país inteiro e ainda supera isso em trinta vezes. Então, podemos identificar isso como um mercado muito grande e que está apenas começando.

Não estou dizendo que a energia solar resolverá todos os problemas energéticos do Brasil. Estou falando que o mercado de energia solar tem um potencial gigante no Brasil. Por exemplo, estamos revisando o plano diretor de um município e uma das coisas que estamos incluindo é que os prédios públicos devem ser sustentáveis. Eles devem gerar sua própria energia. Nós não estamos inventando isso, porque isso já está acontecendo em Palmas, nós estamos apenas aplicando esse estudo de caso bem-sucedido em outros municípios. É totalmente possível e isso gerará demanda nesse setor. Essa demanda aumentará devido ao uso crescente de fontes renováveis e técnicas de eficiência energética para usar a energia de forma mais assertiva. Um dos pilares das cidades inteligentes é a eficiência, o uso sustentável e inteligente dos recursos, incluindo a energia. Então, fique atento porque esse é um mercado gigantesco.

E agora vamos para o terceiro mercado, que é bem grande e precisa de atenção urgente, porque no próximo ano os municípios terão que entregar um plano de mobilidade. Isso faz com que esse mercado seja ainda mais importante.

Terceiro mercado: mobilidade elétrica

O plano de mobilidade planeja a questão da mobilidade no município para os próximos 10 anos. E eu vejo muitas empresas que simplesmente copiam e colam um plano de mobilidade sem levar em conta um ponto importante que deve ser considerado: a implementação da mobilidade elétrica no país. Quando se cria um plano de ação, é importante considerar a transição da matriz de mobilidade atual para a mobilidade elétrica, isso não quer dizer que ano que vem tem que ter carros elétricos, mas, se o plano de mobilidade cobre o período de 2022 a 2032, deve considerar a transição para a mobilidade elétrica – e não estou nem falando de carros autônomos, estou falando de mobilidade elétrica, de carros abastecidos por baterias.

E, com a chegada da mobilidade elétrica no Brasil, surgem novas oportunidades. Uma grande empresa já está implantando a sua sede na região metropolitana de Belo Horizonte e planeja investir 22 bilhões de reais na construção de uma fábrica de mobilidade elétrica. A expectativa é de que a empresa produza 22 mil veículos elétricos por ano a partir de 2025 no Brasil, o que envolverá toda uma cadeia de produção para tornar isso possível.

A implantação da mobilidade elétrica no país terá impactos em vários aspectos normativos municipais, como o plano diretor e na lei de uso e ocupação do solo – como que você vai preparar o território? Em quais locais será possível implementar os locais de recarga do carro elétrico, como que isso vai ser aplicado no Brasil?

Se o seu município está revisando o plano de mobilidade hoje e não está considerando a mobilidade elétrica, então não será possível implementá-la. Se você quiser comprar um carro elétrico e pedir para que a prefeitura instale um ponto de recarga, pode ser que não seja possível, pois a lei de uso e ocupação não permite e o município não está preparado juridicamente para implementar esse tipo de coisa. Se não pensar nisso, seu município ficará impedido de ter carros elétricos por dez anos. Isso é uma loucura, não é?

E aí, se você me pergunta: “Por que minha cidade é tão travada e não se desenvolve?”, a minha resposta é que no seu município não está havendo alinhamento entre plano, projeto e recursos. É por isso que a sua cidade está travada. O gestor não está sabendo gerenciar isso e os consultores que estão prestando consultoria para sua cidade também não estão ajudando.

Quarto mercado: crédito de carbono

Essa empresa está trazendo uma visão que não se limita a carros elétricos. Eles estão introduzindo um modelo de negócio relacionado a crédito de carbono. Não é apenas mobilidade elétrica pelo bem da mobilidade elétrica, é mobilidade elétrica para descarbonizar as cidades. Ao reduzir as emissões de gás carbônico, você tem um impacto no clima, na saúde e em outras áreas. Muitas pessoas ficam doentes porque respiram ar poluído. Quantos milhões de reais gastamos com saúde todos os anos devido ao ar poluído? Imagine criar políticas públicas que não apenas melhorem a qualidade de vida das pessoas, mas também reduzam as emissões de carbono.

No Brasil, preservar a natureza é um grande desafio. Muitas pessoas desmatam e não cuidam das nascentes. Quando há um parque, as empresas imobiliárias querem derrubar as árvores para construir novas áreas de especulação imobiliária. Por que temos esse grande impacto ambiental? Porque, atualmente, as florestas em pé não têm valor. Com o projeto de descarbonização, a floresta passa a ter valor e os municípios começam a receber recursos financeiros por essas áreas de preservação. Os produtores rurais também passam a ganhar dinheiro com a reserva legal, que é uma área que os pequenos, médios e grandes produtores têm que manter intocável em suas propriedades. Eles não podem usar essa área para nada, mas agora ela começa a valer dinheiro. Isso faz com que o produtor queira manter a área preservada, e assim, surge a possibilidade de novos ganhos econômicos. Mas se você não entende nada sobre crédito de carbono, talvez precise começar a se informar um pouco mais para ter uma visão geral do assunto.

Quinto mercado: governança digital

Eu fiz um levantamento relacionando mais de 250 leis aos 26 planos municipais que são obrigatórios para visualizar como esses planos interferem entre si. Quando elaboro um plano de meio ambiente, em que ele interfere? Ele tem impacto na mobilidade, saneamento, educação e saúde? Tanto direta como indiretamente, onde ele interfere? E quando elaboro um plano de regularização fundiária, em quais outras políticas públicas municipais ele interfere?

Com essa matriz de multicritério, cruzando os planos municipais para avaliar o grau de influência de um plano em outro e vice-versa, constatei que o plano de governança digital impacta todas as áreas dentro da administração pública e, quando implementado corretamente, é o foco e a ferramenta principal para uma cidade eficiente.

E qual seria a maneira certa? Quando eu falo sobre governança digital, falo sobre o que a Estônia fez. Hoje em dia ela é referência mundial em governança digital (e você não sabe do que estou falando, dá uma olhada no meu canal do YouTube, tem um vídeo curto de 15 minutos explicando o que foi o projeto de governança digital).

É o plano de governança digital que vai garantir que o projeto está sendo executado corretamente, que o dinheiro está sendo direcionado para o projeto correto e que ele está produzindo resultados que beneficiam a população. Não estamos falando aqui sobre Wi-Fi em praças ou lâmpadas de LED. Estamos falando de governança: clareza em relação a onde estamos, para onde vamos, como vamos chegar lá, com quem vamos trabalhar, quanto custará e tudo isso com o auxílio de ferramentas digitais para agilizar o processo.

Os 26 planos municipais são obrigatórios para todos os 5.570 municípios brasileiros. Ao correlacionar essas leis e identificar suas interações com outras legislações, como a Lei de Responsabilidade Fiscal, a Lei de Improbidade Administrativa e a legislação tributária, é possível facilitar o trabalho de consultoria na elaboração de instrumentos de planejamento. Quando os municípios não sabem o que deve ser considerado, eu já tenho um mapeamento e oriento que, ao fazer um plano de governança digital, deve-se considerar todas essas leis. Ao fazer um plano de educação, deve-se considerar todas essas leis. Ao fazer um plano de meio ambiente, deve-se considerar todas essas leis. As pessoas geralmente pegam apenas a lei principal, mas ela não é suficiente. O plano de meio ambiente tem cerca de oito leis que precisam ser consideradas na criação do plano municipal de meio ambiente, por exemplo.

O projeto de governança digital é o que tem mais recursos para ser implementado e é aquele que traz resultados mais rápidos, mas é também o projeto que enfrenta maior resistência, já que geralmente as pessoas estão fazendo as coisas de forma errada e, ao implementar um projeto de governança digital, você corrige esses processos que estão sendo feitos de maneira inadequada.

Mas para isso, precisamos explicar aos gestores, servidores e a todos que trabalham diretamente com isso que haverá mudanças, mas que elas serão positivas.

É como uma reforma em uma casa: quando você começa a fazer, percebe que precisa reforçar a estrutura, pintar as paredes, trocar os móveis da cozinha e talvez mais algumas coisas. Mas quando você começa a trabalhar no processo, pensa “Meu Deus, por que comecei essa reforma? Que coisa horrível!” Mas quando a reforma é concluída, você pensa “Meu Deus, ficou muito melhor. Não sei como conseguia viver naquele lugar antes da reforma.” É a mesma coisa.

O processo de implementação de um projeto de governança digital é um desafio que exige um bom jogo de cintura e argumentação para explicar às pessoas como as coisas acontecem.

Muita gente diz: “Ah, mas tem resistência”, mas isso é porque você não está conseguindo convencer o gestor e o servidor. Quando eu converso com eles e explico, eles entendem e fazem o que precisa ser feito. Então, por que você está encontrando tanta dificuldade? Talvez você não esteja usando os argumentos certos para convencê-los. Talvez você esteja tentando falar muito tecnicamente e, desse jeito, não vai conseguir persuadi-los a implementar o projeto. Tem outros argumentos que você pode usar. Quando eu converso com gestores e servidores, eu uso argumentos diferentes. Talvez você precise saber quais são esses argumentos, mas eu só compartilho com quem está dentro do meu curso ou mentoria.

Para recapitular, quais são os cinco mercados?

  1. Agenda 2030
  2. Eficiência energética
  3. Mobilidade elétrica
  4. Crédito de carbono
  5. Governança digital

Se você escolher um desses mercados para atuar, terá demanda para sua vida inteira.

Sexto mercado: consultor LICI

O consultor LICI é responsável pela gestão da implementação desses projetos nos municípios. É aqui que entra o líder LICI, o consultor em cidades inteligentes. É o que faço hoje, ensinando os municípios a criar o alinhamento de plano, projeto e recurso para implementar esses projetos.

Eu sou aquela pessoa que cria a demanda, que explica para o gestor o que ele faz, porque é importante e porque tem que ser agora. Ele entende, coloca em prática e, assim, criamos demanda por novos mercados sustentáveis, humanos, eficientes e inteligentes no Brasil.

Vamos juntos para conseguirmos acelerar as cidades inteligentes no Brasil! Se você conhece alguém que quer participar, chame a pessoa para se juntar a nós. Hoje você viu como nosso público é diverso, não são só engenheiros e arquitetos, mas também médicos, assistentes sociais, pessoas da cultura, economistas, urbanistas e muitos outros que querem e podem ajudar a atingir a meta de ter 50%+1 de cidades inteligentes no Brasil até 2030.

Se você conhece pessoas com esse objetivo, envia esse conteúdo pra ela! Existe muita demanda e poucas pessoas qualificadas no Brasil para atender essas demandas. Que tal ajudar a conseguirmos mais profissionais?

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Nós temos a meta de 50%+1 de cidades inteligentes no Brasil até 2030, faltam:
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