Hoje, vamos explorar projetos de cidades inteligentes que podem ser incorporados em campanhas eleitorais. Independentemente do tamanho do município, é possível adotar uma abordagem estratégica e inovadora para transformá-lo em uma cidade inteligente. Além disso, discutiremos estratégias para se destacar na corrida eleitoral e superar os demais candidatos ao incluir propostas baseadas no princípio das cidades inteligentes em seu projeto de campanha. Você vai descobrir como impulsionar seu mandato e oferecer uma melhor qualidade de vida aos cidadãos.
Mas antes de apresentar esses projetos, é importante compreender o conceito de cidade inteligente.
Os "Cinco Ps" das Cidades Inteligentes
Uma cidade inteligente é aquela que consegue resolver seus problemas de forma rápida, eficiente, sustentável e humana, focando na melhoria da qualidade de vida da população.
Para atingir esse resultado, é necessário se basear nos cinco pilares das cidades inteligentes, que serão apresentados com base no conceito dos “Cinco Ps” das Smart Cities:
01. Planejamento estratégico
O primeiro pilar está relacionado ao “P” de planejamento estratégico, que envolve a clareza sobre a situação atual da cidade e a visão de futuro desejada: qual é a cidade que temos e qual queremos.
No Brasil, é necessário a elaboração de instrumentos de planejamento que regem a gestão pública em todos os municípios, como o plano diretor, o plano plurianual (PPA), a lei de diretrizes orçamentárias (LDO) e a lei orçamentária anual (LOA), e esses instrumentos devem estar integrados e alinhados para garantir uma gestão eficiente e coerente.
O plano diretor desempenha um papel fundamental ao estabelecer as diretrizes, metas e objetivos que nortearão o desenvolvimento urbano nos próximos dez anos. Por sua vez, o plano plurianual define as diretrizes, objetivos e metas governamentais para um período de quatro anos.
💡 Para impulsionar o desenvolvimento sustentável da cidade, é essencial que o PPA seja construído em sintonia com o plano diretor. A harmonização entre esses instrumentos é crucial para assegurar uma visão de longo prazo e uma abordagem estratégica na promoção da cidade inteligente e bem planejada.
A lei de diretrizes orçamentárias (LDO), por sua vez, é um instrumento anual que informa as metas do PPA para o próximo ano. Ela tem como objetivo organizar as finanças para alcançar esses objetivos. Já a lei orçamentária anual (LOA) fixa a programação das despesas para o ano vigente. A sincronização desses instrumentos é fundamental para garantir que as ações realizadas estejam alinhadas com a visão de longo prazo estabelecida no plano diretor da cidade.
Nessa jornada para construir uma cidade inteligente, é fundamental que os poderes Executivo e Legislativo trabalhem em conjunto. Vereadores e prefeitos devem compreender a importância de alinhar os instrumentos de planejamento municipal, garantindo uma abordagem estratégica para impulsionar o progresso rumo a uma cidade inteligente e bem planejada.
02. Projetos estruturantes
O segundo pilar das Smart Cities está relacionado à definição dos projetos estruturantes, que são fundamentais para alcançar os objetivos, metas e diretrizes previamente estabelecidos. Eles englobam todas as ações e iniciativas necessárias para melhorar a eficiência e a qualidade dos serviços prestados pela cidade. Ou seja, são os projetos que serão contratados e licitados.
É fundamental que esses projetos sejam integrados aos demais instrumentos de planejamento, garantindo a harmonização e a sustentabilidade financeira. Dessa forma, contribuímos para a construção de um legado duradouro e promovemos o desenvolvimento sustentável da cidade.
03. Parcerias
O terceiro pilar visa identificar colaboradores que podem contribuir para alcançar de forma mais eficiente os objetivos estabelecidos nos instrumentos de planejamento. Essas parcerias podem ser estabelecidas com universidades, associações e conselhos profissionais, setor público e privado, consórcios municipais e outros atores relevantes.
Nos Estados Unidos e na Europa, muitos projetos de cidades inteligentes são construídos com base no conceito da “tríplice hélice da inovação“, em que governo, universidade e iniciativa privada estabelecem parcerias de benefício mútuo.
Essa abordagem busca garantir que todos os envolvidos obtenham vantagens competitivas ao final da colaboração, criando uma situação de “ganha-ganha” em que os benefícios podem variar e não se limitam apenas a questões financeiras, mas também incluem a possibilidade de realizar pesquisas, contratar funcionários especializados e melhorar a eficiência da gestão pública.
Resumidamente, a tríplice hélice da inovação funciona da seguinte maneira: a universidade desenvolve pesquisas para resolver problemas identificados pela prefeitura, o setor privado contribui com projetos que aprimoram a gestão pública, trazendo avanços tecnológicos e métodos consagrados, enquanto o setor público se torna um laboratório vivo para testar essas tecnologias e métodos. Dessa forma, o município se torna um caso de sucesso para o setor privado, proporcionando benefícios a todas as partes envolvidas.
Essas parcerias podem ser financiadas tanto pelo setor privado quanto pelo setor público, incluindo fontes de financiamento internacionais destinadas a linhas de pesquisa e inovação em cidades inteligentes. É uma forma de impulsionar o desenvolvimento e a implementação de soluções inovadoras, tornando seu município um exemplo de sucesso na busca por eficiência na gestão pública.
04. População
O quarto pilar das Smart Cities está relacionado à participação da população no processo de tomada de decisão e na governança municipal. Desde a promulgação da Constituição Cidadã em 1988, reconhecemos que a população deve ser envolvida nos processos de decisão que afetam o município em que vive. É uma obrigação da gestão pública envolver ativamente a comunidade nos processos decisivos, especialmente na elaboração do plano diretor.
Ao envolver a população nesta definição, o município garante que a comunidade tenha clareza sobre a direção que está sendo tomada e compreenda as prioridades estabelecidas. É fundamental promover a participação efetiva da população em um projeto de cidade inteligente. Afinal, são os cidadãos que determinam a visão e os objetivos da cidade que desejam. Cabe à gestão pública e à governança municipal alinhar os instrumentos e esforços necessários para alcançar esses objetivos de maneira mais eficiente e ágil.
05. Políticas públicas
As políticas públicas são essenciais para garantir os direitos da população, abrangendo uma ampla gama de ações como projetos, obras, movimentos sociais e legislação, destinadas a resolver os diversos problemas enfrentados na cidade, como saúde, educação, saneamento, habitação, mobilidade, segurança e meio ambiente. Elas representam o caminho escolhido para solucionar problemas específicos.
Uma analogia interessante feita pelo professor Leonardo Secchi é compará-las ao tratamento de uma doença na área médica. Assim como a doença é o problema, a política pública representa o tratamento, e os instrumentos da política pública são as diferentes formas de intervenção.
Esses instrumentos podem ser utilizados pelo governo, prefeitura, setor privado e sociedade para resolver os problemas, através de leis, decretos e normas que regulamentam o que pode ou não ser feito, com incentivos e penalidades para reforçar os comportamentos desejados, ou por meio de campanhas que envolvam e engajem a comunidade em causas específicas, como campanhas de doação e ações de assistência a pessoas desabrigadas após uma inundação.
Outra abordagem eficaz das políticas públicas é o reconhecimento e premiação de indivíduos e organizações que demonstrem comportamentos cidadãos desejáveis. Um exemplo é o prêmio ODS que reconhece práticas alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ou outros prêmios que visam premiar boas práticas entre governo, setor privado e sociedade civil que tem como objetivo a melhoria da qualidade de vida da população.
Além disso, as políticas públicas também podem envolver intervenções diretas, seja por obras ou campanhas, e podem ser implementadas tanto pelo setor público, privado quanto pela sociedade civil.
É importante ressaltar que todas essas abordagens podem ser aplicadas em municípios de diferentes tamanhos, adaptando-se às necessidades e recursos disponíveis. A pergunta que fica é:
como?!
Como estratégias inteligentes impulsionam o desenvolvimento municipal
Recentemente, tive a oportunidade de visitar a Estônia, um país pequeno composto por vinte municípios.
Apesar de ter uma população menor que a de Belo Horizonte, eles se tornaram referência mundial em governança digital em menos de vinte anos, aplicando os cinco Ps.
Os eleitores estão cada vez mais exigentes e cobrarão resultados daqueles que se candidatam e, principalmente, dos eleitos. A chave para o sucesso está no planejamento estratégico. Por isso, eu e minha equipe nos comprometemos a ajudar aqueles que desejam fazer a diferença em seus municípios. Sabemos que as eleições são o primeiro passo nessa jornada e envolvem uma campanha planejada, estruturada, estratégica e inovadora.
Um exemplo inspirador é o prefeito Rodrigo, parceiro de Andradas, uma cidade no sul de Minas Gerais com aproximadamente cinquenta mil habitantes. Ele foi reeleito com quase 77% dos votos válidos. Veja o relato abaixo, onde ele compartilha a estratégia que utilizou para transformar Andradas em uma cidade inteligente até o ano de 2050 e como pretende dar continuidade a esse projeto.
“Olá, pessoal! Gostaria de compartilhar um relato sobre o trabalho realizado no município de Andradas, conduzido pela instrutora Graziele. Foi uma experiência muito interessante, em que todas as secretarias foram envolvidas, contando com a participação de pessoas estratégicas. O prefeito e o vice-prefeito se dedicaram a trabalhar juntos durante quatro sábados consecutivos nesse curso, e isso proporcionou a oportunidade de aprimorar o planejamento no dia a dia da gestão.
Durante o curso, percebemos que muitas coisas simples, porém imperceptíveis, que não requeriam recursos financeiros, puderam ser replanejadas e repactuadas. Ao longo das mais de trinta dias de duração do curso, distribuídos em quatro finais de semana, já conseguimos estabelecer procedimentos e mudar rotinas dentro da administração. O mais importante de tudo foi a criação de uma rotina de planejamento, principalmente com uma visão voltada para o futuro.
Atualmente, temos como grande objetivo o mapeamento da demarcação geodésica do município, juntamente com a obtenção de uma foto aérea, para que possamos realizar o georreferenciamento e promover o planejamento de Andradas até o ano de 2050. A participação nesse curso foi fundamental para esses avanços, e sua qualidade foi extraordinária. Sem dúvida alguma, eu recomendo essa iniciativa.
Esse foi o primeiro passo para que tenhamos cidades inteligentes. É importante ressaltar que uma cidade inteligente não começa com a implementação de lâmpadas de LED ou Wi-Fi gratuito. Ela se inicia com um planejamento estratégico e com o envolvimento das pessoas mais inteligentes que atuam na administração pública: os funcionários e colaboradores que trabalham diretamente no dia a dia da gestão.”
A bandeira da cidade inteligente é uma grande vantagem nas eleições, e é estratégico incluí-la em seu projeto de campanha e governo, estabelecendo prazos para acessar fontes de financiamento específicas.
Existem várias fontes de recursos disponíveis para projetos relacionados a cidades inteligentes, mas é essencial ter um projeto bem estruturado para captar esses recursos.
Dinheiro não é o problema, uma vez que o Brasil é a oitava maior economia do mundo. O que falta são pessoas capacitadas para aproveitar essas oportunidades.
Projetos para melhorar a qualidade de vida e acesso a financiamento
Vou dar alguns exemplos de projetos que já vi para que você tenha uma noção:
O primeiro projeto está relacionado ao Plano Nacional de Cidades Inteligentes, coordenado pelo secretário Vitor Menezes do Ministério de Ciência e Tecnologia e Inovação. Durante o lançamento do plano no evento Smart City Business, realizado em São Paulo em 2019, o secretário mencionou a disponibilidade de fontes de financiamento para projetos pilotos. Qualquer município brasileiro terá a oportunidade de submeter seus projetos por meio de um edital que será lançado, pela primeira vez, no Brasil. Para se qualificar para acessar esses recursos, é necessário atender a alguns requisitos, sendo o principal deles ter um projeto de cidade inteligente alinhado às diretrizes estabelecidas pelo edital.
Outro projeto e fonte de recurso está relacionada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e à Agenda 2030 da ONU. 193 países, incluindo o Brasil, assinaram um acordo internacional comprometendo-se a alcançar as metas estabelecidas na Agenda 2030, que envolvem sustentabilidade, desenvolvimento social, econômico, entre outros 17 objetivos. Para auxiliar na consecução desse pacto internacional, foram criadas fontes de financiamento para projetos que visem atingir essas metas. Para acessar esses recursos, é necessário apresentar um projeto que explique como o município pretende alcançar tais objetivos.
Mas esses são apenas dois exemplos – e existem outros que aconteceram, estão acontecendo e acontecerão.
Ao construir uma campanha embasada em projetos e linhas de financiamento assim, é possível torná-la mais realista e concreta. Isso permite estabelecer uma conexão com os eleitores e demonstrar o compromisso em implementar essas iniciativas no município. Ter recursos financeiros e conhecimento técnico sobre prazos legais é fundamental para um candidato a prefeito ou vereador transmitir credibilidade e confiança aos eleitores.
Como eu disse, além dessas fontes, existem muitas outras relacionadas a cidades inteligentes. Eu tenho uma extensa lista com mais de duzentas fontes de financiamento para diferentes tipos e tamanhos de projetos.
O objetivo deste artigo é apenas mostrar que existe um caminho a ser percorrido e que esse caminho possui recursos financeiros disponíveis para sua execução. Afinal, já percebemos que não dá pra fazer promessas eleitorais que não possam ser cumpridas, né? Os eleitores estão cansados disso e valorizam propostas inovadoras, aliadas ao conhecimento de como financiá-las. Seu adversário político e, principalmente, os eleitores vão perguntar de onde virá o dinheiro para realizar tudo isso. Aqui estou mostrando como responder a essas perguntas de forma íntegra, técnica e realista.
Minha missão aqui é compartilhar essas informações com você. A decisão de utilizá-las ou não em sua campanha é sua. Mas se você realmente deseja fazer uma transformação em seu município, encontrará uma maneira de aplicá-las em seu projeto.
Agora, vou contar uma curiosidade: já visitei mais de vinte países, incluindo Londres, Inglaterra, Escócia, Estônia, Rússia e França. Tive a oportunidade de visitar o Centro de Governança Digital da Estônia e vi diversos projetos funcionando lá fora.
Por isso, te digo: há muitas possibilidades de projetos que poderiam ser implantados no Brasil, e há fontes de financiamento disponíveis para isso. O problema é que as pessoas não sabem como acessá-las. O que você precisa é de alguém que conheça o caminho e possa ajudá-lo a alcançar essas fontes de forma mais rápida. Como diz o ditado, “sozinho você pode ir mais rápido, mas juntos vamos mais longe“. Essa frase reflete um dos pilares fundamentais das cidades inteligentes: a importância das parcerias.
Ao unir esforços e colaborar com outros atores, como instituições governamentais, empresas e organizações da sociedade civil, é possível potencializar os resultados e alcançar um impacto ainda maior na transformação da realidade de um município.
Espero que você consiga visualizar essa oportunidade de utilizar seu mandato para transformar seu município em uma cidade inteligente, com projetos inovadores, estratégicos e fontes de financiamento.
Isso não apenas transformará a realidade de sua cidade, mas também o tornará um político destacado em sua região, conhecido como alguém que promete e cumpre, gerando resultados.
Se você chegou até aqui, gostaria de mostrar um trecho de um filme que pode mudar a forma como você enxerga a política e, especialmente, as eleições. Isso está relacionado a três pontos: a importância de ter objetivos, o entendimento claro das regras do jogo e a importância de estar cercado pelas pessoas certas ao longo dessa jornada.
Esse artigo é o resumo de uma live, para assisti-la, clique aqui!